Empreendedorismo: Startups Transformam o Mundo

Por EULER BRANDÃO https://marcaganhajogo.com.br/quem-sou-2/
07/07/20 12:29

Em momentos de crise em ambientes voláteis e inconstantes, como o atual, a figura do empreendedor ganha especial relevância. Assim como a população mundial reivindica o surgimento de líderes que possam ditar os passos para uma travessia menos traumática (como em outros momentos da história), também as pessoas esperam o mesmo nas empresas e organizações.

O empreendedor é reconhecidamente um indivíduo possuidor de caraterísticas distintivas, tais como tino, perseverança, imaginação, criatividade, resiliência. E além disso, para ser bem sucedido, precisa conhecer bastante da natureza humana para poder liderar, e ter a capacidade de prever os acontecimentos futuros, identificando assim oportunidades.

Imagem empreendedor foguete quadrada

Uma das características mais relevantes do empreendedor, que em momentos de crise se torna talvez sua principal fortaleza, é a capacidade de assumir riscos em situações de informação incompleta, e muitas vezes conflitantes (especialmente em tempos de fake news). Nestes momentos nebulosos, cercados de incerteza, e quando não se tem a clareza do curso dos acontecimentos, é que o empreendedor emerge e faz seus movimentos mais contundentes, que muitas vezes mudam o curso de uma indústria ou setor econômico.

Há vários exemplos de empreendedores que revolucionaram o mundo a partir de momentos históricos críticos e de extrema pressão. O salto tecnológico que a humanidade experimenta em razão das tensões e conflitos entre nações, por exemplo – muitas vezes redundando em guerras – é impressionante, e vimos isso ocorrer  reiteradamente no curso da História. 

Já em minha trajetória profissional, pude conviver com diversos empreendedores. Alguns deles meus clientes na Agência PRO, e outros que tive a oportunidade de realizar mentorias através da ENDEAVOR (entidade global voltada para o desenvolvimento da atividade empreendedora) na qual exerço trabalho voluntário há mais de 10 anos. E posso atestar que os momentos mais difíceis que esses empreendedores enfrentaram foram aqueles em que os maiores saltos de suas empresas aconteceram. Isso porque, além da ambição inerente a todo empreendedor, existe neles uma chama do inconformismo, que provoca uma inquietude na busca incansável de novas soluções e caminhos a serem trilhados. 

Nas decisões-chave ocorridas em momentos críticos, nos quais suas empresas ou Marcas estavam severamente ameaçadas, pude constatar que as mesmas não ocorreram de forma linear e estruturada: foram em grande parte intuitivas, e não inteiramente baseadas em elementos racionais. Óbvio, pois uma vez que o momento não permita que se tenha uma perfeita e clara leitura do cenário, não se pode esperar decisões racionais. A racionalidade implicaria num suposto conhecimento das exatas consequências de cada escolha, o que limita sua aplicação em virtude do conhecimento apenas fragmentado das condições do ambiente competitivo das empresas.

Neste sentido, tenho a convicção de que as principais soluções que serão criadas para a superação deste momento inédito e grave pelo qual passamos não virá de governos, mas sim de líderes empresariais e empreendedores em todo o mundo. As soluções em Saúde, novos formatos de Trabalho, novas formas de Educação, Mobilidade, Logística, Energia… não serão os governos a capitanear as transformações necessárias.

Deste modo, preocupa-me em certa medida que a figura do empreendedor tenha desaparecido nas grandes corporações globais: seu papel foi substituído por estruturas de profissionais executivos assalariados, cuja principal atribuição é obter melhores e maiores resultados, na maioria das vezes com visão de curto prazo. E não há nada de errado nisso, mas com esta configuração desaparecem a intuição, a inquietude para transformar, o sabor pelo novo, e principalmente a coragem para assumir riscos e trilhar caminhos incertos.

Daí que o  mundo empresarial vem se transformando através do surgimento de startups que realmente vêm inovando, trazendo mudanças disruptivas e consistentes nos mais variados campos. Os setores líderes em número de startups são fintechs (7,1% de share mundialmente), ciências da vida e saúde (6,8%), inteligência artificial (5%) e jogos (4,7%) – dados de 2017.

Em janeiro de 2020 já eram 615 startups unicórnios existentes no mundo. Unicórnios são startups que superaram US$ 1 bilhão em valor de mercado. No Brasil, eram 8 destas empresas em janeiro de 2020, contra 265 nos EUA e 204 na China. O quadro abaixo apresenta aquelas mais valiosas:

E o mercado financeiro investidor vem reconhecendo que estas empresas são aquelas mais preparadas para o “novo normal” pós-COVID19: os índices das bolsas de valores em todo o mundo vêm refletindo uma priorização de investimento em empresas posicionadas para enfrentar ou liderar transformações, com destaque para os setores de: saúde, ecommerce, tecnologia, entretenimento, alimentação, logística e serviços financeiros. O índice NASDAQ –  bolsa norte-americana que reúne ações majoritariamente de empresas não-financeiras e atuantes no mercado de tecnologia – valorizou-se 51% entre os dias 23 de março (auge do pessimismo dos mercados em razão da pandemia) e 6 de julho, confirmando essa expectativa. E já superou em pontos e volume de negócios o patamar pré-pandemia.

Índice NASDAQ

Em suma, seria de se esperar que as tradicionais corporações globais fossem as principais agentes desta transformação, mas exatamente pela ausência do espírito empreendedor é que elas vêm tendo um papel secundário – mesmo aquelas que atuam em áreas de tecnologia.

Os desafios que se apresentam para a sociedade, nela incluída a saúde e perenidade das empresas e Marcas, vão exigir que as características subjetivas, intuitivas e não lógicas presentes nos empreendedores sejam postas a serviço da busca de alternativas. Isso fará a diferença entre o pânico ameaçador, e uma travessia segura, apesar de turbulenta.